36. Me controle
Quando a tristeza toca os primeiros dedos no azulejo frio da varanda da alma é tão certo quanto o brilhar do sol numa manhã qualquer, que a chuva há de trazer seu canto de melancolia e fará brotar lágrimas nos meus olhos, agora, tão sensíveis a dor e tão aguçados a sentirem-se encharcados.
De dentro do quarto, jogado a um canto no chão, eu canto e sinto por dentro a dor melódica que faz dançar tristes, como um solitário num salão de festas, sem par, meus órgãos anti sociais, que parecem apenas trabalhar, sem cessar, sem poder chorar.
Espero que hoje minhas mãos suadas e o ritmo de meu peito, juntos, se acalmem. Minhas palavras me fazem temê-las, o filtro que me era caro foi quebrado. Não vivo à penumbra nem à sombra da dúvida. Que minha língua se trave e a memória se estrague, quero saber de tudo mas não quero que nada ocorra ao ponto de eu deixar de querer saber.
Que o tempo seja meu. Eu controlo os meus pertences...
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