49. Nostalgia
Enquanto o vento toca os pingos de chuva e viaja pelos ares derramando esperança e vida, eu vejo minha vida derramar pelos meus dedos. Não há como segurar, me sinto fraco, impotente. A cada dia me encontro e percebo o que os anos fazem comigo. Tantos relógios quebrados mas o tempo não consegue parar... Ele chega e arrasta, leva consigo as esperanças e as ilusões de felicidade. Não há como fugir, ninguém é forte o bastante!
Minha vida começa a se afastar em direção à porta da rua, quanto mais o tempo a chama, mais fraco eu sou.
Ah, como eu queria um pouco mais de tempo...
Como eu queria sentir eternamente o gosto suave, hoje nostálgico, dos meus quatro anos, o cheiro do meu quarto dos treze, a imagem no espelho dos dezenove e a experiência dos trinta que ainda nem conheci desta vez...
Que saudades tenho das escolas e colégios, dos colegas e amigos, das festas e passeios pelas noites, que na época, passavam num piscar de olhos. Hoje me perco em meus medos e me prostro sobre a cama fria, curtindo sozinho o vazio de meu peito em noites tão longas quanto eu não queria que fossem. Se ao menos eu dormisse... Se alguém me acompanhasse...
Só depois de sentir o clímax da felicidade com a imaturidade natural à idade é que podemos perceber o quanto realmente era bom, e o quão feliz eu seria se a solidão da velhice viesse acompanhada a um bom e verdadeiro amor...
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