terça-feira, 21 de julho de 2009

62. Sou todo o nada

62. Sou todo o nada

Tudo o que sou é nada além de um amontoado de carne, pele e ossos que teimam em pensar, e ainda que pareça inútil, costumam condicionar a própria vida às prospecções imaginadas. Vivo como se eu tivesse o poder de controlar o meio em que vivo, não percebo que sou apenas parte dele. O sistema é pronto e completo. Não me cabe recriá-lo! Não sou nada além de mísera parte de um todo.

Não digo que o todo sem a parte não é todo, nem que a parte sem o todo não é parte. A mim não se encaixa. O todo é tudo. Ele não é relativo, não se considera nada além de tudo para o todo em seu sentido completo. Assim sendo, não se considera todo a parte de um todo, a não ser que o conceito seja entendido em partes, e não como um todo, não por completo.

O mundo é o sistema, é o todo, eu sou parte dele, não modifico nada além da parte que me cabe. Não sou nada além de mim. E não sou nada além de carne, pele e ossos.

Sou feito de material perecível, sou biodegradável. Hora ou outra volto à terra, de onde sou provindo. Hora ou outra vou me ver em partes do todo que um dia fui. Até então vou morrendo aos poucos, deixando por onde eu passo, parcela de minha vida, não ganho ou completo anos de vida no meu aniversário, eu apenas perco os que se foram, e não voltarão...

Vou alimentando meu corpo, acabando com outros materiais, para compor o que perco, o que o tempo me corrói. Me recomponho ao passo que morro, não espero a hora em que não serei capaz de reconstruir a energia que preciso, não vejo a hora.

Se eu fosse presenteado com a eternidade, eu não pensaria em nada além de: O que o tempo se preocuparia em tirar de mim? Valeria a pena?

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