domingo, 26 de julho de 2009

63. Não sou eu...

63. Não sou eu...

Me mato aos poucos, não me importo com o que as pessoas dizem ou pensam sobre isso. Me afundo em meus vícios sem pensar em deixá-los. É como se eles já fossem parte de mim. Vejo gente aparentando diversão, mas não me divirto, quando o faço, minto. Não sei se com todos é assim. Tem alguns que mostram saúde, vigor, força e até um futuro. Não me importo com isso, não temo a morte, pra falar a verdade, não sei, mas acho que até gosto da ideia. Tácitamente sim...

Tenho medo de escuro, com a visão já meio turva é fácil não encontrar o copo, à minha frente. Não gosto de solidão, mas afasto todos que me rodeiam para que eu mantenha os vícios que me corroem me corroendo. Quando alguem se aproximava, normalmente aparecia uma frase ou um papo que realmente não me interessava, querendo me mostrar que não é só de acúcar que as veias se entopem, mas principalmente de gordura, já me disseram que o alcool me deixa chato, até percebo as besteiras que falo, mas, não ligo de não falarem comigo, acho que não ligo...

Hoje estou só, me passou pela cabeça que meu vício afasta as pessoas, por isso fiquei triste, por ficar triste resolvi beber um pouco. Não estou muito bem.

Sou egoista, aceitei minha fraqueza ao invés de combatê-la. Não me importo com o que eu deixo pra traz a partir de meus atos, já que eu consegui um, ainda que curto, período de vida em que ao que eu gostaria de mostrar, doei tudo o que eu pude aos que me querem bem. Sei que não é o bastante, sei que seria melhor se eu me doasse e a vida que eu poderia ter sem meus vícios. Mas meus vícios, às vezes penso que não são vícios, não me deixam como todos dizem, nada disso me faz mal. O que me faz mal é o que as pessoas pensam deles. Meus vícios, ah meus vícios...

Por outro lado, sou eu que pago, eu garanto a compra e o consumo. Penso que por ser lícito é permitido e deve ser consumido. Sustento meus vícios. Frase que tenta mostrar uma ideia de liberdade, mas que com ela traz os grilhões de ferro ressecado, enferrujado. Até é possível tirar, mas dói. Não sei se vale a pena. Não vale a pena.

Sou um ser sociável, quero ter uma vida normal, e de preferencia uma morte normal. Digo que faço tudo pelos meus, mas será que isso que faço não é para satisfazer a justificativa para minha fraqueza? Será que realmente vivo pelos meus? Se o faço, ainda é tempo de eu procurar me tratar... Ainda posso guardar comigo a chance de alguns minutos a mais de vida, como a minha família desesperadamente clama sem que eu me deixe ouvir.

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