sábado, 2 de janeiro de 2010

68. Eu alguém

68. Eu alguém

Eu que hoje não tenho mais nem uma peleca de dez reais no bolso to vendo um sorriso estampado na cara que nem sei se é minha, refletida barbuda no espelho gigante que tento olhar de longe...

Eu que não sei quem eu sou nem pra onde vou nem de onde eu vim, penso que quero ser o que eu nem sei de verdade se quero...

Eu já fui forte, seco, gordo e estrupiado. Cabelo grande, curto, sujo e raspado.

Não descobri qual eu prefiro nem qual sou. Mas sou, eu sou.

Tentei ser padre, médico, pastor, advogado. Tentei cantar, dançar, sorrir e até chorar. Já dei meus pulos pra tentar ficar de pé, mas no final eu me deitei. Eu já cai, me levantei, quebrei a perna.

Só descobri quem eu era num dia estranho, mas era noite, fazia frio, meu cabelo era grande, não tinha vento, eu vestia jeans, minhas unhas eram mal cortadas, eu não estava bebendo, eu fui feliz, me senti feliz, hoje estou bem, feliz, estou feliz. O dia era tão estranho, que nem me lembro mais.

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