72. Incrível
Mais forte que um vulcão, mais ligeiro que a espada de um samurai, tão discreto quanto um ninja bem pago. Minha mente me arrepia, meus dedos deslisam pelas teclas sem embaraçar. Imagino agora meu violão, que nada toca, nada me canta, apenas me espera. Posso me conter em saltar de um andaime do mais alto prédio, onde eu devia apenas pintar as janelas, posso me contradizer quando afirmo não pensar, posso pensar em morrer simplesmente por estar mais vivo que uma pedra, uma pedra me é lançada, nada temo, nada tenho além de medo, nada faço, nada posso além de correr, me aquieto, não me deixo intimidar. Meu olho, agora roxo, me apresenta ao gosto do sangue que escorre por minha face suada, cansada, amarelada. Começo a sentir cheiro de chuva, quando toca o asfalto, os respingos não me tocam, não me insultam, não me embelezam, não me fazem mais feliz, apenas o cheiro, o perfume do vento que toca água em toda a direção, inclusive na minha, parado estou, imóvel permaneço.
Nada sei, nada sou, estou meio morto e um pouco vivo. Cansado de respirar, e loucamente feliz.
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