segunda-feira, 24 de maio de 2010

84. Canso

84. Canso

Agonizo sem perecer, aquieto-me, cada fio das madeixas paira fronte a meus olhos cansados entreabertos, a cada fração de tempo sinto-me melhor, às vezes pior. Regra é que me deito quando me canso, e talvez eu nem mesmo me levante. Quem sabe não fico à espera de um Deus qualquer a me obrigar? Tantos dias aqui estou sem nada pensar além do que me é orientado... Não penso.

Estou desorientado na verdade, sem nem um dilema válido, sem questões que eu creia devo refletir, discutir, pensar. Não penso nos últimos segundos.

Nada vale tanto a pena. Deixo que pensem o que quiserem, ainda que estejam idiotamente errados. Calo-me quando ouço besteiras, e quando me cantam em coro, ainda sei que nada me dizem, apenas vomitam retardadices sobre mim, não me importo mais em me sujar se tenho água para lavar minha alma quando volto para casa.

Nem quero mais estressar, o problema não é mais meu. Já desisti de entender e mais ainda de convencer os que nada entendem de que eles não entendem nada. Estou de saco cheio de ser visto como prepotente, apesar de ser, estou cansado de ser ouvido com olhos aterrorizados, nada mais convenço ninguém além dos que me questionam. Não vou mais impor uma verdade sobre uma mentira.

Percebi que apesar de uma burrice ser muito burra, uma idiotice ser o máximo de idiota possível, tem gente que acredita e lança mão da própria vida sobre isso, e não me cabe dispor a felicidade acreditada por um conhecimento superficial e racional, talvez infeliz ou imoral.

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