87. Introspecção
De meus olhos escorrem um fluido estranhíssimo que me queima a face, o sal me arde, mas é doce em vezes. Suspiros acompanham, ora extasiado de felicidade e outras triste. Sinto-me pseudodesligado de meu corpo que apenas em prantos energisa o que me circunda, com gosto doce de sorriso ou com o amargo da infelicidade que poderia me acompanhar.
Assim, sou tão humano quanto meu cachorro que me olha todas as tardes enquanto toma seu banho de sol matinal. Queria eu que meu dia também começasse quando meus olhos se abrissem, assim, sem prantos nem velas, sem rezas nem agonia eu me guiaria no flutuar de meus dias cálidos, trôpegos e ávidos.
Em um soluço me acordo e volto à minha realidade utópica em que em sonho desejo estar mais acordado que o capitão gancho dentro da boca do crocodilo. Quero ouvir o barulho do relógio que só soa seu desperte quando o grilo deixa de chorar seu pranto em desafino.
Espero que minhas falas neológicas toquem pelo menos o meu coração quando um dia se eu nada tiver a fazer me remeta às minhas introspecções. Volto à busca do meu eu inconsciente e percebo não conhecer nem um décimo de meus conhecimentos ou da imundice de minha ignorância arrogante, hipócrita e ignorante.
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